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NEUROIMAGEM
A compreensão e o tratamento da epilepsia têm sido revolucionados nas décadas recentes pelo desenvolvimento e utilização de técnicas de neuro- imagem sofisticadas, as quais compreendem dois tipos principais. A primeira é estrutural e objetiva encontrar uma anormalidade visível da estrutura cerebral, tal como um tumor. A segunda é funcional e identifica qualquer anormalidade na função cerebral como hipo ou hipermetabolismo ou alterações nos níveis de neurotransmissores. Ambos os métodos estão se desenvolvendo rapidamente, e, embora técnicas de neuroimagem estrutural, como a ressonância magnética (RM) em particular, constitua, atualmente, a técnica de imagem mais importante na prática clínica, seu papel relativo na investigação de pacientes com epilepsia altera-se continuamente. A eficácia destas novas técnicas de imagem tem levado `a redução na proporção de pacientes com epilepsia generalizada, favorecendo a origem parcial, bem como `a redução na proporção de pacientes com epilepsia par- cial que eram anteriormente rotulados como tendo crises criptogênicas.
As duas formas principais de imagem estrutural são a tomografia com- putadorizada ( TC ) e a ressonância magnética ( RM ). Radiografias do crâ- nio e pneumoencefalogramas não são mais utilizados, embora a angiografia seja ainda usada.
Há duas técnicas de TC usadas para o diagnóstico de epilepsia. A primeira é a imagem de rotina, sem utilização de meio de contraste. Podem ser diagnostica- das lesões expansiva grosseiras como tumores, acidentes vasculares cerebrais, malformações arteriovenosas ( MAV ) e ocasionalmente lesões infecciosas, como a cisticercose. A TC é sensível e relativamente específica para estas lesões, iden- tificando, aproximadamente 60%. Em casos de resultados negativos, pode ser administrado contraste, visando aumentar a porcentagem de diagnósticos. No entanto, a porcentagem de sucesso da TC em detectar lesões em epilepsia parcial, é baixa ( ao redor de 30% ).
2.Ressonância magnética
A RM é atualmente o mais importante método de neuroimagem usado para pacientes com epilepsia. A RM produz uma imagem do cérebro a partir de rádio impulsos característicos, vistos após alterações induzidas artificial- mente no campo magnético.A partícula chave da excitação é o íon hidrogênio da água.Alterações sutis no conteúdo da água tecidual resultam em alterações neste sinal de próton, as quais são processadas em um computador para produzir uma imagem em preto e branco. A técnica é altamente sensível e específica em pacientes com epilepsia parcial. Aproximadamente, podem ser identificados 100% dos pacientes com lesões expansivas como tumores e MAV e, com o aumento da utilização da RM, patologias que se pensava constituírem causas raras de epilepsia, têm sido identificas mais freqüentemente. Como exemplo, vê-se abaixo uma RM de um paciente com epilepsia do lobo temporal e esclerose mesitemporal (EMT) (seta). Fig EMT:
Os estudos inicias de RM do lobo temporal em pacientes com epilepsia, mostravam que as duas principais características da EMT eram atrofia unilateral das estruturas hipocampais. A RM é o melhor método de neuroimagem disponível para avaliação de e- pilepsia. Ela apresenta melhor resolução espacial do que a TC, possibilita imagens excelentes da fossa temporal, as quais não são bem visualizadas pela TC e revela lesões que são isodensas na TC. Diferentemente da TC, não há exposição `a radiação, de tal forma que RM pode ser utilizada durante a gestação. Para decidir qual teste realizar, é essencial, primeiramente, determinar as razões pelas quais o teste está sendo realizado. Imagem tem duas funções: diagnóstico da causa subjacente para excluir uma lesão que possa ser tratada e determinação da cirurgia. Logo após o início das crises, ela pode ser necessária para excluir lesões que necessitam tratamento, como tumores ou MAV, ou para identificar uma lesão ressecável em um paciente com crises refratárias que está sendo avaliado para cirurgia. Em ambas as situações, a RM é a modalidade preferida, embora a TC possa ser justificada quando uma lesão subjacente que será tratada está sendo procurada, pois as porcentagens de identificação e a especificidade para lesões grosseiras é razoavelmente elevada. A TC pode ser preferível para a detecção de me- ningeomas pequenos. Contudo, para a investigação pré-operatória, a TC não tem valor e o paciente deverá ser referido a um centro que tenha RM. Fig RM, superior, mostrando focos de epilepsia e inferior, esquema tridi- mensional:
NEUROIMAGEM FUNCIONAL A tomografia por emissão de pósitrons (Pósitron emission tomography- PET) avalia aspectos da função cerebral. Embora ela esteja sendo usada desde há aproximadamente 20 anos, a RM é muito mais útil clinicamente e a PET tem, somente um papel clínico desprezível. A PET cria uma imagem tridimensional do cérebro pela análise computadorizada do metabolismo de traçadores de radioisótopos específicos. |